Internacional aposta em Ricardo Mathias, revelação da base, para desafiar o Flamengo na Libertadores e buscar vantagem no Maracanã.
No meio de astros internacionais como Rafael Borré e Enner Valencia, o Internacional aposta em um nome improvável para balançar as redes contra o Flamengo nesta quarta-feira (13), às 21h30, no Maracanã. Ricardo Mathias, cria colorada, desembarca no Rio não como coadjuvante, mas como titular e esperança de gols no jogo de ida das oitavas da Libertadores.

Aos 19 anos, o atacante deixou de lado o peso dos holofotes sobre as estrelas milionárias. No último sábado, marcou dois gols de puro faro de artilheiro contra o Bragantino e ganhou a posição no time de Roger Machado. Carioca de Nova Iguaçu, volta à cidade natal com uma arquibancada particular: amigos de infância estarão lá, vestindo a camisa 49 e apostando em novo capítulo da história que começou nas peladas do bairro.
Jonathan Moraes, Matheus Xavier e Juan Rodrigues conhecem o camisa 49 como poucos. São parceiros de longa data e já viram de perto o esforço do jovem para levá-los ao Beira-Rio quando possível. “Teve amigo nosso que realizou o sonho de ir ao estádio por causa dele. Nem todos tinham como comprar ingresso. Ele merece muito. Tem um coração puro”, conta Moraes.

Ricardo é “Blade” para o grupo, apelido que nasceu quando, ainda adolescente, saiu de casa com óculos escuros do pai e rendeu boas risadas. Apesar de comemorar gols imitando a máscara do Batman, o personagem vivido por Wesley Snipes no cinema virou marca entre os amigos. No dia a dia, mistura essa personalidade brincalhona com paixão por funk e habilidade para a dança, quase sempre exibida em encontros familiares.
A trajetória até o Internacional exigiu mais que talento. Antes de brilhar no Beira-Rio, viveu uma tragédia: a casa da família desabou. Foi a ajuda da ex-patroa de sua mãe que permitiu reconstruir o lar, hoje reformado e com o número 49 coincidência que combina com o número da camisa que defende. No futebol, também precisou esperar. No Bafanas, seu time em Nova Iguaçu, chegou a ficar fora de partidas importantes, mas, quando a oportunidade veio, marcou duas vezes. Cena que se repetiu contra o Bragantino, agora no cenário nacional.
Velocidade, frieza e coragem para enfrentar adversários mais velhos sempre fizeram parte do repertório. “Sempre se destacou com a calma diante do gol”, diz Juan, o Katchau. Nesta noite, no Maracanã, Ricardo Mathias terá a chance de enfrentar uma das suas inspirações: Bruno Henrique, atacante do Flamengo com quem compartilha porte físico e estilo de jogo. A admiração, no entanto, ficará do lado de fora das quatro linhas. O objetivo é outro: voltar para Porto Alegre com vantagem e manter vivo o sonho da classificação.

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